sexta-feira, 17 de abril de 2009

VICKY CRISTINA BARCELONA - 2008 Dir.:Woody Allen


O sexo sempre esteve presente na filmografia de Woody Allen mas não me lembro de nenhum outro filme, como esse, em que o desejo fosse o tema central. Pois “Vicky Cristina Barcelona” é bastante safado, mas leve e fluido, ainda que exista o seu momento de tensão dramática com a entrada, na metade do filme, de Penélope Cruz.

A atual fase da Woody Allen, filmando na Europa desde “Match Point”, tem em “Vicky Cristina Barcelona” uma nova mudança de rumo, não apenas na geografia. Não há aquela referencia ao cinema de Bergman nem especulações filosóficas. Saem os intelectuais de Nova York e entram jovens e curiosas turistas americanas seduzidas por artistas de sangue latino, quente e vermelho como a Espanha, cuja Barcelona é belamente fotografada.

O adultério entre adultos sofisticados e inseguros é outro tema recorrente em Woody Allen que ainda encontramos aqui, mas o desejo agora é epidérmico: da alma se deslocou para seu verdadeiro lugar, o corpo; mas, claro, é no cérebro o lugar dos problemas. O filme é construído em relações a dois que se mostram incompletas; as leis do desejo nascem sempre a três e há, com efeito, uma profusão de trios no filme: destes surgem a tensão e o tesão do filme.

Por falar em Bergman, a semelhança com os filmes do mestre sueco está na escolha de belas atrizes. Penélope Cruz, quando entra em cena, assusta e hipnotiza, ficamos realmente convencidos da paixão devota do personagem de Javier Barden; Scarlett Johansson, a atual musa de Woody Allen, continua irresistível e deliciosa, com uma dose extra de pimenta neste filme; Rebecca Hall é a personagem que mais se aproxima dos outros filmes de Woody Allen, a mulher meio adulta, meio insegura e meio careta que se vê, de repente, perdida com o calor catalão, aceitando, não sem medo, seus impulsos; e Javier Barden é, como sempre, um ótimo ator, mas desta vez numa moldura do amante intenso, o artista sensual cujo hedonismo é sua maneira de viver.

É um Woody Allen de bem com a vida, dos seus filmes mais gostosos de assistir e aponta, mesmo a essa altura da vida, sempre existirem maneiras de fazer filmes com novos temas, e com bastante prazer.

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