As primeiras impressões do filme são de rostos desfocados que, aos poucos, ganham contornos mais nítidos. As vozes confusas contam cientificamente o ocorrido. Percebemos então que nos encontramos num hospital e aqueles rostos e vozes são dos médicos e enfermeiras. Vemos e ouvimos as suas explicações e logo nos tocamos da gravidade de nossa situação. Nossa situação? Sim, porque a nós, espectadores, é que são dirigidas as palavras e os olhares: a câmera subjetiva nos insere na história. No entanto, uma voz off reponde e, deste momento em diante, percebemos se tratar de uma personagem do filme a quem transferimos a voz e que, posteriormente, ganha também um rosto. É a condição dramática deste personagem que acompanharemos neste filme.
“O Escafandro e a Borboleta” é a história verídica de Jean-Dominique Bauby, redator chefe da conceituada revista Elle francesa que, em 1996, sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) mas com uma consequência mais séria e rara chamada locked-in que deixa a vitima intelectualmente lúcida mas totalmente paralisado. No caso de Bauby o único órgão que poderia movimentar era o olho esquerdo. E através de seu movimento e por um método que ele consegue se comunicar com as pessoas e, mais impressionante, conseguiu “ditar” um livro, justamente a base do filme.
É claro que se trata de um drama e, sem esquecermos que aquelas situações foram de fato vividas, é impossível deixar a compaixão de lado, e nos emocionaremos a cada cena em que Bauby vê as manifestações da vida, como as belas cenas de seus filhos brincando na praia.
Mas o filme não é uma auto ajuda no cinema. Não parece ser apenas uma opção do diretor Kaminski mas do próprio Bauby essa recusa de ser um relato da autocomiseração diante da tragédia e de sua superação. O filme é geralmente engraçado com as tiradas sacanas de Bauby narradas em off que diferem do que ele comunica com seu olho esquerdo. Ele ironiza constantemente os médicos. Faz observações sobre o seu estado sem complacência. Há excelentes músicas no filme. E, como Bauby ama, antes de tudo, as mulheres, elas são varias, e todas lindas (seu olhar, a única coisa que lhe resta, dirigem-se constantemente em pernas ou decotes). Os dramas dos personagens parecerem maiores que do próprio Bauby como da sua família, da amante, da fonoaudióloga, e de seu pai, interpretado pelo grande Max Von Sydow, ator predileto de Ingmar Bergman, numa atuação de uma comovente ternura.
O tema da sobrevida em situações extremas se, por um lado pode resultar em dramalhões óbvios e apelativos, por outro, pode render grandes filmes quando na direção de realizadores sensíveis e reflexivos como no caso de “Mar Adentro” e “Meu Pé Esquerdo” nas quais há a força da interpretação de Javier Barden e Daniel Day Lewis, e em “Johnny Vai à Guerra”, chocante drama de guerra, o manifesto anti-bélico de Dalton Trumbo. “O Escafandro e a Borboleta” guarda semelhanças com os filmes citados. Mas o que assistimos é que Bauby amou sua vida (morreu em 1997); a perda de todos os movimentos não lhe tirou o prazer de acompanhar todos os instantes e Bauby era, com toda a tragédia e os limites, um ser humano inteiro.
“O Escafandro e a Borboleta” é a história verídica de Jean-Dominique Bauby, redator chefe da conceituada revista Elle francesa que, em 1996, sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) mas com uma consequência mais séria e rara chamada locked-in que deixa a vitima intelectualmente lúcida mas totalmente paralisado. No caso de Bauby o único órgão que poderia movimentar era o olho esquerdo. E através de seu movimento e por um método que ele consegue se comunicar com as pessoas e, mais impressionante, conseguiu “ditar” um livro, justamente a base do filme.
É claro que se trata de um drama e, sem esquecermos que aquelas situações foram de fato vividas, é impossível deixar a compaixão de lado, e nos emocionaremos a cada cena em que Bauby vê as manifestações da vida, como as belas cenas de seus filhos brincando na praia.
Mas o filme não é uma auto ajuda no cinema. Não parece ser apenas uma opção do diretor Kaminski mas do próprio Bauby essa recusa de ser um relato da autocomiseração diante da tragédia e de sua superação. O filme é geralmente engraçado com as tiradas sacanas de Bauby narradas em off que diferem do que ele comunica com seu olho esquerdo. Ele ironiza constantemente os médicos. Faz observações sobre o seu estado sem complacência. Há excelentes músicas no filme. E, como Bauby ama, antes de tudo, as mulheres, elas são varias, e todas lindas (seu olhar, a única coisa que lhe resta, dirigem-se constantemente em pernas ou decotes). Os dramas dos personagens parecerem maiores que do próprio Bauby como da sua família, da amante, da fonoaudióloga, e de seu pai, interpretado pelo grande Max Von Sydow, ator predileto de Ingmar Bergman, numa atuação de uma comovente ternura.
O tema da sobrevida em situações extremas se, por um lado pode resultar em dramalhões óbvios e apelativos, por outro, pode render grandes filmes quando na direção de realizadores sensíveis e reflexivos como no caso de “Mar Adentro” e “Meu Pé Esquerdo” nas quais há a força da interpretação de Javier Barden e Daniel Day Lewis, e em “Johnny Vai à Guerra”, chocante drama de guerra, o manifesto anti-bélico de Dalton Trumbo. “O Escafandro e a Borboleta” guarda semelhanças com os filmes citados. Mas o que assistimos é que Bauby amou sua vida (morreu em 1997); a perda de todos os movimentos não lhe tirou o prazer de acompanhar todos os instantes e Bauby era, com toda a tragédia e os limites, um ser humano inteiro.
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